Pena! Não a das aves, tampouco a sensação de penalidade, mas a lástima de o Nobel da Paz não contemplar o nosso grande Alysson Paolinelli. No rodapé dos papéis de ofício do nosso diretório acadêmico estava gravado: “Amanhã, a terra e a paz terás, em vez da guerra”. De fato, é trabalhando a terra que se consegue alimento que enche a barriga do povo, porque um povo de barriga vazia não tem paz.
Passei uns tempos no Japão e, vez por outra, diziam-me que o que querem é paz, e uma das condições de paz é ter alimento. Eu estava a serviço da criação da binacional Brasil/Japão para desenvolvimento da agricultura no cerrado. Paolinelli se destacou nesse programa Nipo-Brasileiro, ainda como ministro, visando ao Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer), permitindo usar tecnologia para fazer uma agricultura perfeitamente sustentável. Isto permitiu aumentar, tremendamente, a produção de grãos, que viraram ração, que viraram carne, leite e ovo. Enfim, viraram proteína de que o mundo tanto precisa. Portanto, encheu a barriga do povo, e um povo de barriga cheia tem paz.
A ONU, criada em 1945, tem como um dos objetivos disseminar a cultura de paz entre as nações. Uma de suas principais agencias é a FAO, cujo lema é
“fiat panis”, ou seja, “haja pão”. Ela lidera os esforços internacionais para erradicar a fome no mundo. Isto porque um povo com fome, de barriga vazia, não tem paz.
Paolinelli criou, transformou, dinamizou instituições e programas, criando um verdadeiro rolo compressor tecnológico, que permitiu a viabilidade de produção de alimento em quantidade e qualidade capaz de matar a fome dos povos no mundo, propiciando, assim, a paz, porque um povo de barriga vazia não tem paz.
O Brasil produziu 38 milhões de toneladas de grãos, em 1975, quando Paolinelli assumiu o Ministério da Agricultura. Em 2021, espera-se uma safra de 290 milhões de toneladas de grãos. Isso não caiu do céu. Isso se deve a um trabalho árduo, incansável, audacioso e perseverante de um homem público chamado Alysson Paolinelli, que merecia, sim, o Prêmio Nobel da Paz.
Texto: Wellington Abranches de Oliveira Barros
Engenheiro agrônomo
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