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Condenações de carcaças – Os reflexos na produtividade e no custo de produção

“Somas mensais e anualmente são perdidas pelas empresas em todo o país com as condenações de carcaças, em virtude da não conscientização das pessoas responsáveis ou de ações não realizadas, seja por negligência ou outros diversos motivos. Pontos de estrangulamento ou gargalos geram dificuldades de resolução, afetando de forma negativa o fluxo de caixa das empresas”. A afirmação é do médico veterinário, professor e consultor, especialista em aves e suínos, José Euler Valeriano, membro do Conselho Técnico-Científico e Ambiental (CTCA), da Avimig.


José Euler, que levantou a discussão sobre o tema durante sua palestra no evento Avicultor 2022, em Belo Horizonte, considera oportuno retomar o assunto, com o objetivo de discutir e abrir o debate por parte dos responsáveis por esta etapa no processo produtivo da carne de frango, para detectar problemas e suas implicações decorrentes das falhas que comprometem a qualidade da carcaça do frango abatido.


“Todos na indústria avícola, independentemente de função ou cargo, estão comprometidos com a produção de carnes saudáveis e de qualidade para ofertar à população.  Para tanto, a obediência às normas e procedimentos estabelecidos e a observância à legislação é uma exigência e uma necessidade, estando a cargo de órgãos oficiais de fiscalização, dos sistemas de gestão e do controle de qualidade da indústria”, pontuou.


No entanto, José Euler afirma que as empresas se fecham quando abordadas sobre o assunto, não estando abertas ao diálogo. “Elas não se interessam em divulgar os seus números de condenações em abatedouro, sendo essas catalogadas como informações internas e sigilosas. Claro que é um direito particular de cada uma, porém essa atitude acaba por reduzir os seus horizontes e suas perspectivas de controle, pois os parâmetros comparativos deixam de existir e termina confinando-a em sua própria realidade.


Estamos abrindo uma nova janela, uma oportunidade para que os gestores de cada empresa possam se permitir focar no assunto, descobrir qual impacto a empresa vem sofrendo por este problema ou mensurar o quanto foi afetada em seu passado recente”, disse o especialista.


Perda de competitividade

São inúmeros os fatores que podem levar à condenação de carcaças em abatedouros, desde os mais simples aos mais complexos, todos igualmente impactantes. O que pode ser facilmente percebido é o impacto negativo que se reflete na produtividade e no custo de produção das empresas, reduzindo sua competitividade no mercado.


“Somos um país produtor e exportador de carnes, com a missão assumida de celeiro do mundo, onde se reúnem as melhores condições de produção e de produtividade no planeta. Temos bom clima; boas instalações; bons equipamentos; profissionais capacitados e gabaritados; utilizamos as melhores genéticas mundiais; temos o serviço oficial de inspeção considerado um dos mais eficientes do mundo, sendo respeitado e reconhecido, capaz de atender à legislação de mais de 150 países para os quais exportamos. Precisamos, apenas, voltar nossa atenção e esforços na direção certa, ao foco e cerne da questão, nos propondo a resolvê-la”, destacou José Euler.


De acordo com ele, conhecendo a própria realidade, a empresa deve agir para o combate às causas de seus problemas, identificando-os, buscando classificá-los e, então, partindo para a prevenção. “Essa é a forma direta do enfrentamento”


Condenações Jan-Mai 2024 (SIG SIF do Mapa)


Tendo como base os dados das condenações de carcaças divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), José Euler avalia que as causas de condenações nos frigoríficos devem ser analisadas sob dois aspectos: o percentual em relação ao total de condenações (números constantes no gráfico) e sua representatividade no volume final de abate, tanto em relação ao número de carcaças afetadas ou quilogramas realmente perdidos, descartados e inutilizados.


“Devemos salientar que as 15 principais causas de condenação apresentadas pelo Mapa representam 83,56% do número de carcaças afetadas e o restante, ou seja, 16,44%, é dividido entre outros 29 fatores causais. As condenações parciais são maiores em número e em percentagem: 11 dentre 15 são de fatores desencadeantes de condenações parciais e 4 são relativos à condenação total da carcaça”.


Ainda com relação aos dados do Mapa: “Embora a condenação total apresentada seja em percentual menor, ela promove a perda da carcaça por inteiro, e sua participação no volume final condenado é altamente significativa”. Jose Euler explica que a condenação parcial afeta o maior número de aves, sendo condenadas partes da carcaça, perda estimada em 15,93%, com o aproveitamento parcial dos 84,07% restantes. “O aproveitamento ocorre em cortes das partes não afetadas, permitindo que a indústria os comercialize, sem que ofereçam riscos à saúde do consumidor”, garantiu.


Os motivos da condenação

Contaminação gastrointestinal e biliar, lesões de pele e lesões traumáticas são as mais frequentes, com maiores percentuais de prevalência em condenações parciais. Já a própria artrite, a contaminação gastrointestinal e biliar, o aspecto repugnante e falhas tecnológicas são destaques em condenação total de carcaças. “A micoplasmose e a salmonelose são doenças infecciosas causadoras de grandes prejuízos e continuam frequentes em nosso meio, há vários anos. Essas demandam atenção maior de nossos técnicos, especialistas, pesquisadores e demais profissionais da indústria avícola”.


Para ele, medidas de controle sanitário e de prevenção precisam ser adotadas. “Somos capazes de prevenir doenças altamente contagiosas, como a influenza aviária, que nos ameaça há algum tempo, impedindo-a de adentrar em nossos aviários. Devemos ser, também, capazes de impedir que doenças já instaladas, afetando as aves de nossos planteis, se perpetuem, melhorando nossos sistemas internos de diagnóstico e vigilância”, ressaltou.


O especialista ressalta que é preciso considerar, também, o volume de condenações totais, que é variável de empresa para empresa, conforme a realidade de cada uma. “Os valores podem variar de 1,0% até 2,9%, conforme observado nos últimos 12 meses. Nesse caso, toda a carcaça é condenada, descartada e processada como lixo industrial, impróprio ao consumo humano. As perdas podem alcançar valores entre 25,7 e 74,5 milhões de carcaças ou 62 a 181 mil toneladas, onerando negativamente o caixa das empresas, reduzindo competitividade e comprometendo o futuro de suas atividades, especialmente se somadas as condenações parciais e totais”, afirmou.


De acordo com José Euler, sendo a média de condenações totais algo próximo a 2% e as parciais de 1,1% (em sua representatividade real), a perda geral estimada é de 3,1% do total da produção nacional de frangos. “Com a previsão de abate anual de 6,29 bilhões de aves em 2024, certamente as perdas acumularão volume próximo a 195 milhões de aves ou 474 milhões de quilos, suficientes para alimentar 2,8 milhões de famílias de quatro pessoas, considerando o consumo per capta brasileiro de carnes de frango durante todo um ano”, alertou.


Em muitos países, onde fazem publicações de seus percentuais de condenações avícolas em abatedouros e frigoríficos, o volume total de perdas está abaixo de 1,0%, sendo que, em vários deles, localizados na Europa e nas Américas, as perdas ficam próximas" a 0,5%. “Isso significa que temos muito a melhorar, grandes ações e atitudes a implementar”.


“Conhecer as causas para combater os problemas”. Essa é a premissa básica, de acordo com José Euler. Sendo elas muito diversas e variadas, uma criteriosa análise deverá ser realizada em cada empresa em particular. Elas vão de doenças infecciosas, deficiências de manejo, nutricionais e de ambiência, apanha e transporte, regulagem e uso de instalações e equipamentos ao conforto e ambiência oferecidos em todas as fases da criação. “Discutir cada uma delas ou todas aqui será apenas um exercício de imaginação. Porém, realizada em cada empresa constituirá uma necessária missão. Não podemos nos furtar à abordagem, ao debate e aos estudos propostos no tema. Que todos estejam alertas e que suas ações conscientes sejam em benefício de sua empresa, da indústria avícola, da sociedade e da nação brasileira”, concluiu.




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